sexta-feira, 18 de julho de 2008

a la folie.

Borrocou o espelho com batom e com as mesmas palavras, mas não com o mesmo rosto. Escreveu com sangue as duas palavras que sua raiva lhe deu de presente. Amarrou uma fita em seu braço dilacerado pela vigésima vez e se escondeu atrás de um casaco branco e uma carapuça forte que enganava até os mais espertos, e até ela mesma. Ela não sabia como agir, agiu por impulso e se sentiu incrivelmente melhor. Coração quebrado por dentro, braço dilacerado, palavras perdidas. Não sabia o que fazer, estava desnorteada, sem sentido, sem propósito, cem. Cem motivos, cem palavras, cem-sem-por-quês. Saiu para tentar se acalmar. Sua carapuça era perfeita, mas seu casaco branco em um dia quente a fazia parecer louca. Ela não se importava, o que estava encravado em seus pulsos significava mais. E a cena que viu mais tarde, fez seu coração parar nos rins.

"Chega de lágrimas" - ela pensou.
Mas não conseguia parar de chorar. Tentou achar tudo de ruim, mas não conseguiu.
Achou força na amizade e alegria na bebida pra continuar.
Amor? O que é amor?
Ela havia parado de amar.
o que é esperança?
it is dead.

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Peguei um livro, um dentre os muitos da estante, olhei para cima e pensei: " Se você realmente tá aí, me ajuda." Segurei firme o livro, olhei para cima mais uma vez e disse: " Me prova." Voltei meu olhar para o livro, fechei os olhos pensando naquele rosto e o abri violentamente.


Pequeno Conto Chinês

Conta-se que por volta do ano 205 a.C., na China antiga, um príncipe da região norte do país estava às vésperas de ser coroado imperador, mas, de acordo com a lei, deveria-se casar. Sabendo disso, ele resolveu fazer uma competição entre as moças da corte ou quem quer se achasse digna de sua proposta.
No dia seguinte, o príncipe anunciou que faria uma celebração especial e receberia todas as pretendentes para lançar o desafio.
Uma velha senhora, serva do palácio há muitos anos, ouvindo os comentários sobre os preparativos, sentiu uma leve tristeza, pois sabia que sua jovem filha nutria um sentimento de profundo amor pelo príncipe.
Ao chegar a casa e relatar o fato à jovem, espantou-se ao saber que ela pretendia ir à celebração e indagou incrédula:
- Minha filha, o que você fará lá? Estarão presentes todas as mais belas e ricas moças da corte. Tire essa idéia da insensata da cabeça. Sei que você deve estar sofrendo, mas não torne o sofrimento uma loucura.
E a filha respondeu:
- Não, querida mãe, não estou sofrendo e muito menos louca, sei que jamais poderei ser a escolhida, mas é minha oportunidade de ficar perto do príncipe. Só isto já me tornará muito feliz.
À noite, a jovem chegou ao palácio. Lá estavam, de fato, todas as mais belas moças, com as mais belas roupas, com as mais belas jóias e com as mais determinadas intenções. Então, inicialmente, o príncipe anunciou as regras da competição:
- Darei a cada uma de vocês, uma semente. Aquela que, dentro de seis meses, me trouxer a mais bela flor, será escolhida minha esposa e futura imperatriz da China.
A proposta do príncipe não fugiu às profundas tradições daquele povo, que valorizava muito a especialidade de "cultivar" algo, sejam costumes, amizades ou relacionamentos.
O tempo passou e a doce jovem, como não tinha muita habilidade nas artes de jardinagem, cuidava com muita paciência e ternura da sua semente, pois sabia que, se a beleza da flor surgisse na mesma extensão de seu amor, ela não precisava se preocupar com o resultado.
Passaram-se três meses e nada surgiu. A jovem tudo tentara, usara de todos os métodos que conhecia, mas nada havia nascido. Dia após dia, ela via cada vez mais longe o seu sonho, mas cada vez mais profundo o seu amor. Por fim, os seis meses haviam passado e nada havia brotado. Consciente do seu esforço e dedicação, a moça comunicou à mãe que, independentemente das circunstâncias, retornaria ao palácio, na data e hora combinadas, pois não pretendia nada, além de mais alguns momentos na companhia do príncipe.
À hora marcada estava lá, com seu vaso vazio, bem como todas as outras pretendentes, cada uma com uma flor mais bela do que a outra, das mais variadas formas e cores. Ela estava admirada, nunca havia presenciado tão bela cena.
Finalmente chega o momento esperado, e o príncipe observa cada uma das pretendentes com muito cuidado e atenção. Após passar por todas, uma a uma, ele anuncia o resultado e indica a bela jovem como sua futura esposa. As pessoas presentes tiveram as mais inesperadas reações. Ninguém compreendeu por que ele havia escolhido justamente aquela que nada havia cultivado. Então, calmamente o príncipe esclareceu:
- Esta foi a única que cultivou a flor que a tornou digna de se tornar uma imperatriz. A flor da honestidade, pois todas as sementes que entreguei eram estéreis.

Moral: Uma tentiva frustrada pode ser o início de uma caminhada de sucesso e alegria.


Isso me confortou monstruosamente e eu tive uma prova. Era o que eu precisava para acreditar.
2.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Documento.txt

Porque eu não tenho mais memórias, só histórias. Passado, passou. Foi embora.
Eu tenho sofrimentos de agora, emoções presentes, espaço carente.
O lado C da história, o alto e baixo de uma vez só.
O dois em três, o espaço que nunca vai ser preenchido no coração B.
O coração quebrado de A, e as peças se juntando e se tornando mais confusas.
Respiram o mesmo o ar e isso faz parecer tão sarcástico.
Sem pé nem cabeça a história que mal começou (?)
Escolha de B, não de A. Esquecer? Tornar passado o já passado?
A já escolheu. A já decidiu. A já esqueceu. A quer algo novo. A quer algo limpo. A quer algo justo. A quer algo bonito.
e o que B quer?
Viver de memórias, A conhece essa história...
Mais um tchau na vida de A? Mas A precisa de algo pra se apoiar...
Corações estávam tão perto. tão longe. tão longe, tão perto.
"Você já começa pensando no final."
Uau - A pensou - É verdade!
E o final não podia ser diferente.